domingo, 9 de novembro de 2008

Guerra o Ano Todo!


Os professores não querem ser avaliados. Porque os professores odeiam a escola. A escola está cheia de um tipo de seres em quem eles não têm a mínima confiança: professores. Como aceitar que esses fulanos, e logo aqueles da própria escola onde se trabalha, tenham o poder de avaliar o que os professores fazem na intimidade e reclusão das suas turmas? Temor e tremor. Andarilhar Marquês de Pombal-Terreiro do Paço em cuecas, ida e volta, seria mais confortável do que ser avaliado pelos colegas. Pelos colegas seniores! Aquelas gajas e gajos horrorosos, de quem se diz mal pelas costas, que são uns velhos rabujentos ou depressivos, uns vaidosos do pior, que estão meio chechés, que são comunas, que são fachos, que têm a mania, que estão ultrapassados, que não sabem dar aulas, que não percebem nada de pedagogia, com quem ter de falar nos intervalos é um suplício, quanto mais ficar à sua obscena mercê. Não, deixem-se disso. Estão mas é malucos.
Os professores não querem avaliar. Porque avaliar implica pensar; e pensar só dá problemas, como todos sabem. Pensar em critérios de avaliação já é suficientemente difícil quando se trata de alunos, que comem e calam, quão mais não será tratando-se de professores, entidades capazes de questionarem os relatórios e seus pressupostos? Por favor, não lhes façam essa maldade. Como é que o professor português, nado e criado numa sociedade de hipócritas, perfeitamente adaptado à suave decadência de nunca ter de prestar contas do que fez e, em especial, do que deixou por fazer, vai agora ser exigente com o colega? Isso é uma enorme indelicadeza, cria mau ambiente, estraga relações de longa data e dá azo a situações imprevisíveis. Avaliar, vejamos, avaliar é, vamos lá ver, é assim a modos de… de… espera… de olhar para o que acontece, aferir os resultados, verificar as práticas, corrigir eventuais erros, valorizar eventuais talentos, reconhecer e premiar eventuais dedicações, enfim, conhecer a realidade. Donde, a pergunta: mas passa pela cabeça de alguém querer conhecer a realidade do ensino em Portugal?… Tenham a santa paciência.

Aspirina B

8 comentários:

Pedro Costa disse...

Algures, pelo meio desta baralhada toda, andará a virtude.
Nem está na obstinação do poder nem na intransigência dos sindicatos.
Estará provavelmente nos professores que deveriam ser ouvidos como parte interessada: a mais interessada.
Porque nem são totalmente inocentes nem totalmente culpados.
Um resultado já se nota: com o número de pedidos de reforma que se tem visto, no próximo ano haverá menos desemprego. Um número tão postiço como o resultado dos exames de matemática.
Eis Portugal no seu melhor.

Pedro Costa disse...

Vocês já repararam que a maioria das vossas visitas são direccionadas pelo link do chacomporradas?
Acho que começo a merecer uma comissãozita. E como vem aí o Natal...

Victor de Sousa disse...

Ainda bem Pedro, ganha o seu blog e o Mealhada café!
É sinal que merecemos a confiaça dos seus vesitantes.

Alma da Gente disse...

Como é que entenderei isto que descreve: são mesmo masoquistas,é a maldita curiosidade à espera de saber de quem se fala, ou simplesmente nada melhor do que depois de descomprimir um bocadinho, voltar a cair na "dura realidade" :)? É a última não é?

Professor Penetra disse...

Pedro, quero pensar que vêem lá os nossos comentários e ficam com a curiosidade aguçada.

Anónimo disse...

Uma das vantagens da blogosfera é a das pessoas poderem falar de tudo. Um dos riscos é vermos gente a falar do que não sabe, como é o caso neste post. Gostaria de ver este modelo de avaliação aplicado aos médicos, aos juristas ou a qualquer outra profissão. Gostava de ver o que diria um médico se depois de fazer o seu diagnóstico e prescrever um tratamento, depois tivesse de fazer 50 relatórios sobre formas de incentivar os doentes que se recusassem a tomar a medicação a cumprir essa mesma medicação! E tivesse de se reunir semanalmente com os seus colegas para debater 10 ou 20 questões burocráticas. E depois fosse avaliado por um colega de uma outra especialidade e com menos habilitações académicas que ele; e que tivesse de fazer propaganda comercial a medicamentos portugueses durante as consultas; e que fosse responsabilizado pelo falecimento dos seus doentes quer fosse um médico que tratasse problemas oncológicos ou problemas dentários.

Anónimo disse...

Comparações, fobias...
quem diz que não sei o que falo?
como se engana...

Anónimo disse...

Impossível que saibas do que falas.
Ou então, traçaste o retrato de ti próprio, quando dizes
"nado e criado numa sociedade de hipócritas, perfeitamente adaptado à suave decadência de nunca ter de prestar contas do que fez e, em especial, do que deixou por fazer"