quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Em nome da ...


Se nenhum Presidente da República pode comentar a imensa trapalhada em que Dias Loureiro se envolveu, qualquer Presidente da República deve afastar do seu círculo próximo alguém cujo comportamento sugira que terá que ser analisado em foro judicial. Não se trata de punir Cavaco Silva pelos actos de antigos e actuais colaboradores. Trata-se apenas do dever que o Presidente assumiu constitucionalmente de defender as instituições democráticas do País.
O Conselho de Estado é uma delas. Um Conselheiro de Estado não pode ser desmentido na praça pública em questões de honorabilidade e continuar a ser Conselheiro de Estado. Se "nenhum Presidente da República pode comentar questões do foro judicial" nenhum Presidente da República pode ter um Conselheiro de Estado que se sugere que falta à verdade. Um País não pode ter um Presidente da República que se aconselha com quem sabia de irregularidades financeiras e não as contou, como diz um Vice Governador do Banco de Portugal, ou que as contou mas nada fez, continuando durante anos no grupo que as praticava como se nada soubesse.
Um Conselheiro de Estado não pode estar a aguardar investigações judiciais sobre o seu comportamento e honorabilidade. A um Conselheiro de Estado não se aplicam presunções de inocência em ambientes de suspeição generalizada com depoimentos contraditórios de altos responsáveis do Estado no passado/presente a desmentirem-se em público sobre questões de pura e simples honestidade. Isto não é assunto remissível para o foro judicial. É do foro presidencial e o Presidente, por muito que lhe custe, tem que se pronunciar.
Nos últimos dias, sempre que se fala de Manuel Dias Loureiro, tenho-me lembrado de Walter Marques e António Vitorino. O primeiro deixou um Governo liderado por Mário Soares quando um familiar próximo foi envolvido num escândalo; o segundo, número dois de Guterres, saiu do Governo quando se levantaram dúvidas sobre o pagamento de sisa de uma casa sua. Saindo, um e outro ficaram com o problema para si próprios e resguardaram o Governo que integravam. Nem um nem outro precisavam de o ter feito: Walter Marques não estava acusado nem era suspeito de coisa nenhuma; Vitorino viu, bastante tempo depois, a Justiça dar-lhe razão.
Pertenço ao grupo numeroso dos que não vislumbram razões para Cavaco Silva ter feito a nota que fez. Ninguém o atacou. A menos que, como tem sido dito, ele conheça uma campanha para o denegrir, o que não é claro aos nossos olhos. Quando se dizia, ainda as coisas corriam bem, que o BPN era o banco do cavaquismo, isso era um elogio à competência de gente que trabalhou de perto com o ex-primeiro-ministro. Quando, agora, se fala em cavaquistas implicados no escândalo BPN, isso poderá ser pouco simpático para Cavaco Silva mas não autoriza que se pense que ele teve qualquer intervenção e está envolvido no escândalo. É bom que isto fique claro.

5 comentários:

Anónimo disse...

Oi cara. Se lembra de mim? Fui ao Brasiu e voltei. Ocê continua lindo. Por cá tá tudo iguau. O PSD continua na merda. Afinau o Cabrau tinha razão em pedir auditoria. É só cafageste. E o PêSDê dizia que era ilegau pidir auditoria. Lá sabirão porquê. Viva o Cabrau!

Anónimo disse...

Falam do Carvalheira mas ao lado do Jorge Carvalho não tem hipotese nenhma. O Jorge é muito superior e já está na distrital. O Marqueiro vai desistir e indicar o Jorge Carvalho. Toda a gente sabe que contra o Carvalheira o PS tem que ter um bom candidato e ninguém melhor que o Jorge Carvalho.
O Jorge tem muito mais qualificações e experiência política.

Gaius Germanicus disse...

Realmente este raciocínio aqui expresso é interessante. Concordo com a premissa: Dias Loureiro enquanto Conselheiro de Estado do Presidente da República devia ter o sentido de Estado que se lhe exige num momento destes para que o Presidente não saia chamuscado. Nem devia aguardar pela reacção de cavaco Silva e devia, por iniciativa própria, renunciar ao cargo.

Mas já agora gostava que fizesem paralelismo com um caso bastante semelhante aqui entre portas. Não acham que deviam aplicar a mesma regra para que as suspeições ou conivências não recaiam sobre terceiros?

Ave Caesar

Alma da Gente disse...

Refere-se ao Caso Calhoa,certo? Concerteza! Mas em algum momento dei a entender o contrário? Caro gaius, todas as pessoas que têm cargos politicos, ou que têm poderes publicos, devem em primeira instância, quando lhes recaia qualquer suspeição de corrupção ou actos ilicitos, pedir imediatamente a renúncia ao cargo que ocupam, ou pelo menos pedir licença sem vencimento, como é o caso do Sr. Calhoa, até toda a situação estar esclarecida. Espero não ter dito nenhuma burrice, é que com tanta gente assim, esse mal começa a pegar-se!

Anónimo disse...

No caso concelhio porque haverá um inocente de renunciar ao cargo temporariamente ou definitivamente, não estará a assumir uma culpa previamente!? na minha opinião existe um claro desvio de atenções no nosso conselho o PSD em vez de se afirmar como alternativa de poder de por em causa medidas tomadas pelo poder concelhio, de apresentar projectos e ideias criticar e ao mesmo tempo apresentar soluções ou medidas mais vantajosas... ser uma alternativa, perde tempo com perseguições se acham necessário fazer perseguições façam mas não se esqueçam de se afirmarem como alternativa, de se apresentarem com futuro... porque isso sim é realmente importante