terça-feira, 30 de novembro de 2010

A presente auto-destruição capitalista




A queda do imperialismo soviético, do totalitarismo comunista na Europa, pôs fim ao que ficou na História como a “guerra fria”.
Para além da alegria esfuziante dos povos europeus, nomeadamente a dos povos libertos das ditaduras comunistas, o mundo livre, de certo modo, como que respirou de alívio. Continuou a ter as suas preocupações situadas nas áreas territoriais de potencial energético decisivo, continuou a se desinteressar pelas condições dos Direitos Humanos na África e na Ásia, continuou a não levar muito a sério certos fenómenos de socialismo grotesco na América Latina.
Sobretudo, ignorou a milenar Sabedoria chinesa. Só pensou em ganhar dinheiro com o regime político da República Popular da China. Não entendeu a ameaça da inteligente aplicação do marxismo pelo regime de Pequim – ao contrário da boçalidade imperialista e classista da defunta União Soviética – em suma, à boa maneira burguesa ocidental, a civilização dita “cristã” entrou num regabofe festivo, desde a vida financeira à decadente auto-destruição dos Valores seus pilares.
Isto é, enquanto a “guerra fria” pesou como uma ameaça às Democracias ocidentais, Estas tiveram de se “comportar com juízo”, quer por necessidade das perspectivas internacionais, quer até por causa da pressão da “ameaça interna” em cada País, forte nalguns casos e geralmente enfeudada ou conectada com Moscovo em termos intelectuais.
A própria liberdade dos mercados financeiros, factor indissociável de um regime democrático desde que apontada ao Bem Comum, o próprio funcionamento dos mercados financeiros decorria então numa certa perspectiva de responsabilidade que sabia avaliar repercussões sociais e políticas, num mundo em que as Democracias tinham de resistir aos efeitos da “guerra fria” e tinham de derrotar a ameaça comunista às Liberdades.
Caído o Muro de Berlim, foi um “ver se te avias”.
Não apenas por causa da euforia legítima dos mercados financeiros com essa entretanto vitória das Democracias, mas também devido à irresponsabilidade dos poderes políticos ante um mercado tornado cada vez mais desregulado e cada vez mais forte sobre tais mesmos poderes políticos.
Os legítimos Interesses nacionais e regionais foram cilindrados por um crescendo agressivo da força mundializante dos poderes financeiros e estes cada vez mais orientados pelas denominadas “sociedades secretas”, lógica e inteligentemente reforçadas pela natureza e objectivos com que passaram a actuar nas novas oportunidades planetárias.
A força destes grupos de interesses, funcionando à margem das transparências democráticas que os Direitos, Liberdades e Garantias dos Cidadãos exigem, invadiu cada vez mais os centros de decisão política, condicionando-os ilegitimamente em seu favor.
E chegámos à Situação em que nos encontramos.
Com as classes médias e os grupos sociais proletarizados a acabar por terem de pagar a factura.
Karl Marx não tinha razão nas suas posições contra a necessidade da liberdade responsável dos mercados financeiros, nem teve o tempo de vida suficiente para verificar que, concretamente, a “síntese final” com que sonhara, se transformou numa nova dialéctica de dominantes e dominados, de exploradores e explorados, com destruição criminosa da Dignidade da Pessoa Humana.
Mas Karl Marx tinha razão quando anteviu que o capitalismo, desde que não regulado com objectivos de Bem Comum e se funcionando apenas ao sabor de poderosos interesses não democraticamente transparentes, acabaria por trilhar os caminhos da auto-destruição.
Que fazer, ante instituições políticas fragilmente democráticas nem suficientemente transparentes, débeis ante o grande Capital financeiro, comprovadamente incapazes de restaurar o primado do Bem Comum?
Obviamente que reformá-las, contra qualquer espírito de situacionismo de manter o que está.
Reformá-las em termos de Estado forte e de Estados suficientemente fortes que não deixem fracassar as instituições internacionais de sua responsabilidade, neste momento à deriva de mercados desregulados e de capitalismos usurários.
Reformar em termos de Estado forte, não dependente do poder do grande Capital nem das força das chamadas “sociedades secretas”, mas autoridade democrática sobre o grande Capital, repondo-o na obrigação de Serviço ao Bem Comum, nem Estado permeável ou dominado pelo que não seja democraticamente transparente.
Este é o Estado forte de que agora as sociedades democráticas carecem.
Nunca ficar amarrado às choldras de sistemas políticos cuja inadequação tragicamente nos trouxe à presente Situação.
Sei que muitos dos que lerem isto, não gostarão.
Não me preocupa.
Porque também sei que outros muitos e o próprio tempo me darão razão. 1

«O burro, serei eu?...»

Post-Scriptum: Ultimamente, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa critica-me com certa frequência no tempo de antena de que dispõe.
Está no seu Direito, como também é meu Direito não subscrever várias posições que Ele vem assumindo.
O que, civilizadamente, não põe em causa, pelo menos da minha parte, uma amizade de muitos anos.
O «burro serei eu», em reagir contra os abusos político-partidários de um Governo socialista sobre um Povo que me elegeu?...
O «burro serei eu», em ter alertado sempre, contra a opinião dos situacionistas, que Portugal chegaria ao presente estado de coisas?...
O «burro serei eu», em discordar de um Orçamento de Estado que agravará insuportavelmente as condições de vida dos Portugueses e que não produziu, nos mercados financeiros, o «milagre» tão anunciado pela propaganda?...
O «burro serei eu», ao continuar ter Esperança em Portugal, mas defendendo outras alternativas possíveis e concretas, bem como ao assumir uma posição conforme aos Direitos e Opinião dos que me elegeram, e conforme ao que livremente entendo ser o Interesse Nacional?...


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O SENHOR PROCURADOR!...


Era uma vez um procurador adjunto do Mi(ni)stério Público que procurava na Madeira. Por razões não explicadas, mas certamente relacionadas com a solidão que ataca muitas pessoas que vivem em ilhas, o procurador-adjunto gostava de frequentar à noite casas de alterne e de se (ad) juntar às raparigas que ali ganhavam a vida.

Tudo parecia correr bem, até ao dia em que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) efectuou uma rusga ao bar e algumas das raparigas brasileiras que lá trabalhavam identificaram o procurador como cliente habitual, com direito a bebidas e sexo grátis, em troca de informações sobre um processo que corria contra um dos proprietários do bar.
Consequência imediata da denúncia, foi levantado um processo disciplinar ao procurador que, face à evidência das provas, foi suspenso pelo Conselho Superior do Ministério Público por 210 dias e obrigatoriedade de transferência para uma comarca do distrito judicial de Lisboa.

Pena leve para tão torpe crime de um agente da justiça, pensarão alguns. Diferente, porém, foi a opinião do procurador. Inconformado com a pena, recorreu para o Supremo Tribunal da sua área que considerou a versão das raparigas “inverosímil” e “fantasiosa”, porque “o procurador nunca tinha sido alvo de um processo semelhante”.

Ora aqui está um argumento inteligente e bem fundamentado, que poderá vir a ser utilizado por advogados perspicazes, no dia em que lhes couber defender um energúmeno que matou à pancada a mulher.
“ O meu cliente culpado, senhor dr. Juiz? Ele nunca matou nem sequer uma mosca, nunca atropelou cão nem gato e trata com desvelo a amante, como é que pode ser acusado de tão nefando crime?”

Mas e o testemunho dos filhos?- retorquirá o juiz.
Confortado com o argumento dos outros magistrados, de que não seria admissível que uma alternadeira estivesse à altura de extrair de um magistrado informações secretas, o perspicaz advogado reiterará:

“ Ora, os filhos, Meritíssimo! Gente nova que gosta de passar as noites em discotecas, beber uns shots , por vezes até fumar o seu charrozito e deitar-se quando o Sol vai alto, que credibilidade pode ter? Nos tempos que correm os filhos perderam o respeito pelos pais, se eles não os cumularem de presentes, são muito bem capazes de fazer chantagem. Deveremos dar-lhes credibilidade, Meritíssimo?"

PS:
Não sei porquê, cada vez há mais juízes armados em psicólogos, que sem mais decidem quem mentiu ou não num processo, só "porque sim". Mais grave ainda é a sensação de se protegerem todos uns aos outros. Será que o intuito é proteger a dignidade e o prestígio da classe?

Desta maneira só se enterram...

Não se pode dar crédito a nenhuma prova que incrimine semelhantes pessoas, intocáveis, defensoras da imoralidade e da traição a um povo cansado de escândalos de vários tipos.

Deus meu! Todos os dias tomamos conhecimento de novos nomes interligados em acções de 'promiscuas irregularidades' e o que (não) me surpreende é que todos eles estão protegidos por um 'background' bem montado, que continua a protegê-los, o qual é possível manter, na mentalidade dessa gente, enquanto o povo se mostrar ignorante, passivo ao que está acontecendo, duma indecência que se tornou insuportável para os que, sozinhos, pouco ou nada estão a conseguir fazer. Nesta lógica e convicção, vão continuar sempre nesta situação ..., sempre na esperança de que o povo continue a dormir.

Mas, espero que este povo, o nosso povo PORTUGUÊS (onde eu me incluo com orgulho) mude e saiba "que a justiça é cega", como se diz usualmente e seria muito bem, mas é sempre para os mesmos que ela é cega e por vezes estúpida de entender...porque aos grandes a justiça vê e Vê muito melhor do que eu que já estou a ficar míope, talvez da idade.

É uma catástrofe mirabolante um país ter duas justiças...a dos ricos...nomes...e dos comuns, vulgares, pobres, por isso muitos não gostem, mas eu gosto do Marinho Pinto...
Porque Marinho Pinto tem sido e continuará a ser um incomodo "um OSSO duro de roer" para muitos que se sentem confortáveis com a nossa justiça?...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O artista Português


O chico-espertismo é reconhecidamente uma das marcas que mais fortemente se enraizou na sociedade portuguesa. Sobejamente comentado e analisado não precisa portanto de mais apresentações para toda a gente saber do que estou a falar.

Veio-me à lembrança este tão característico traço da cultura lusa agora, por ocasião das infindáveis discussões e comentários à volta do OE.

A coisa resume-se mais ou menos nisto: o Orçamento não presta; com o actual estado das coisas a sua execução vai ser praticamente impossível; mas mesmo assim aprova-se só para inglês ver (e alemão também), que é como quem diz, o objectivo é mesmo só enganar os tansos dos "mercados", para garantir que conseguimos continuar a sacar o graveto cá para o gasto.

Daqui a uns meses, quando eles perceberem a jogada, a malta logo arranja outra cena para os enrolar. Que isto os camones podem ser muito ricos e evoluídos mas também são um bocado tótós.

Eu nunca deixo de me surpreender com a nossa capacidade para nos excedermos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A JUSTIÇA SOCIAL DO GOVERNO SOCIALISTA


As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) podem entrar em colapso se for para a frente uma medida do Orçamento do Estado de não restituição do IVA, alerta o padre Lino Maia.

O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) diz que se trata de uma medida injusta e desonesta, já que muitas instituições de solidariedade lançaram obras para poderem dar mais respostas sociais e agora vão ficar com encargos muito grandes e insuportáveis.

“É uma medida injusta, perversa, desonesta, inoportuna e tudo o mais do que se possa dizer do género”, acusa o responsável.

O padre Lino Maia diz que o Estado “andou a assediar as instituições de solidariedade” para participarem em projectos ligados aos cuidados continuados, creches, entre outros, e que depois mudou as regras do jogo, com as obras em curso.

“As IPSS já pagavam o IVA mas era devolvido. Era 0%, no fundo, o desconto do IVA, agora passa para 21%, 22% ou 23%”, explica o presidente CNIS.

O responsável da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade diz que já alertou, inclusive, todos os partidos políticos, o próprio Governo e a Presidência da República.

O padre Lino Maia admite que se esta medida for por diante, as instituições de solidariedade sofrem uma grande machadada que pode levar muitas delas a fechar as portas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DENTRO DO PS


1. Os acontecimentos que vieram a público, a propósito das eleições na Federação de Coimbra do PS, representam um profundo desprestígio para esse partido e reflectem uma grande insalubridade no seu funcionamento interno.

Certamente, se apurará qual o grau de verdade dos factos alegados e qual o grau de acerto quanto ao modo como foram divulgados. Mas nunca deve esquecer-se que a legitimidade, em se discutir o grau de reserva que deve ser respeitado pelos militantes de um partido quanto à revelação pública dos seus problemas internos, não apaga a essencial questão de se saber se tais factos ocorreram ou não.

Do mesmo modo, só um inconveniente recurso a um artifício de humor negro, pode explicar que alguém tente justificar qualquer lesão às regras estatutárias ou à simples decência política, alegando que as vítimas de hoje foram os algozes de ontem.

Está ainda em curso o processo de validação dos resultados. Espera-se que não se some ao problema já existente um novo problema. Ou seja, espera-se que as instâncias internas de validação e de jurisdição actuem com transparência e com total respeito pela legalidade estatutária e para com os princípios da legalidade democrática.

E, tendo-se chegado aonde se chegou, não pode ficar qualquer dúvida sobre o saneamento de todas as eventuais irregularidades e sua superação prática, tal como sobre a avaliação de eventuais ilícitos de uma maior gravidade, pelas instâncias competentes.

2. Se o Partido, no seu todo, assumir a negatividade do conjunto destes acontecimentos, como algo que não se pode repetir, mudando por completo o paradigma que tem impregnado as eleições internas no PS, o prejuízo político sofrido não terá sido em vão.

Num recente texto publicado neste blog, lembrei, quanto a esta matéria, o conteúdo da moção Mudar para Mudar, apresentada no mais recente Congresso Nacional do PS,em 2009, da qual fui um dos subscritores. Hoje, vou recordar , como contributo para a referida mudança de paradigma, o que dizia quanto a esta questão
a moção apresentada pela candidatura ao Congresso da Federação de Coimbra do PS de 2006, encabeçada por Luís Marinho, da qual fui um dos subscritores.

Num tópico intitulado, “Legalidade, limpidez e equidade nas eleições para os órgãos internos”, dizia-se:

“O PS não pode ser o garante da democracia na sociedade portuguesa, orgulhando-se de assumir por completo o significado mais fundo do 25 de Abril, ao mesmo tempo que transige com a fraude e desigualdade nas eleições disputadas no seu interior. Reconhece-se o esforço que a Direcção Nacional vem fazendo para superar praticas inaceitáveis Mas há ainda um longo caminho a percorrer na reforma de vícios que mancham a democraticidade interna e a convivência.
Deste modo, é indispensável que se interrompa a deriva antidemocrática que tem inquinado com preocupante frequência algumas disputas internas ocorridas nesta federação, embora seja desejável que as regras que preconizamos se apliquem em todo o partido.
Assim, a título de exemplo, no quadro da criação de regras que garantam a plena igualdade de oportunidades a todos os candidatos, defendemos: que todas as sessões de esclarecimento, integradas nas campanhas eleitorais internas, tenham obrigatoriamente a presença de todos os candidatos ou de representantes seus; que todos os envios postais dirigidos aos militantes no âmbito das campanhas internas sejam da responsabilidade directa do partido, não sendo admitidos quaisquer outros e sendo garantido tratamento igual a todos os candidatos.
Não pode continuar a depender da fortuna do candidato, ou da sua arte de angariar fundos, a possibilidade de ser candidato dentro do PS, ou de fazer uma campanha em condições iguais às de outros concorrentes.
Por outro lado, é indispensável que os estatutos do Partido sejam revistos, de modo a tornarem expresso que a prática de fraudes eleitorais nas eleições internas do partido, implica necessariamente a mais grave sanção. É preciso finalmente dar autoridade às instâncias jurisdicionais do partido, entregando-lhes na prática, o controle da legalidade estatutária, não fazendo delas, como hoje, meros órgãos de recurso. A não ser assim, em breve a legalidade estatutária, cairá nas mãos dos tribunais comuns, o que sempre afecta a imagem e credibilidade do partido
. »

Medite-se sobre este texto, reflectindo-se sobre o facto de há muito ter havido quem, dentro do PS e nesta Federação, tenha levantado, sem ter sido ouvido, uma prudente voz de alerta.

Será preciso que, em futuros acontecimentos, se vá ainda mais longe na via do desprestígio do PS para que , de uma vez por todas, se arrepie caminho ou a presente lição terá sido suficiente?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Homem que Matou Liberty Valance!


Um vento de suspeita sopra nas margens do Mondego. Velhos punhais parecem querer sair de discretas baínhas. Pequenos e grandes deuses impacientam-se em seus efémeros Olimpos. Um entre os menores levantou já a sua pequena voz vinda do Norte, deixando sair dela a ameaça discreta de um conselho. Incrédulos , os choupos do Mondego tremeram melancólicos.
Por tudo isso, uma vez sem exemplo, impelido por tão infaustos acontecimentos , vou repetir uma das frases da contracapa da Vértice da autoria do Cardeal de Retz, que já foi publicada neste mesmo blog, no passado dia 8 de Julho de 2010.

"Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito."

sábado, 20 de março de 2010

Achei isto delicioso!

In: Blog "O Coiso" (com a devida salvaguarda dos direitos de autor)

Faltam 61 dias para as eleições.

São 23h 59 minutos.

Um militante laranja diz para outro:

- O nosso presidente é um merdoso! O Sócrates precisa de ser arrasado e o maricas anda ali com paninhos quentes, com acordos de regime da treta! Que se lixe a convergência! A malta tem é que…

O outro interrompe-o, apontando para o relógio.

- Que foi?! – grita o primeiro.

- Já é meia-noite! – diz o segundo.

- E depois?

- Depois, como já só faltam 60 dias para as eleições, não podes dizer mal da direcção do nosso pê-esse-dêzinho!

- Ah!… É verdade… já me esquecia… Viva o nosso adorado líder!

- Viva!

- Que Deus ilumine o seu pensamento!

- Amén!

Nota – O Congresso do PSD aprovou ontem uma norma proposta pelo democrata Santana Lopes: a partir de agora, os militantes do PSD que critiquem a direcção 60 dias antes dos actos eleitorais, serão expulsos do partido. Manuela Ferreira Leite – que inventou a história da asfixia democrática – disse concordar com esta regra. Grandes democratas!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Merdices da Blogolândia perfeitamente abomináveis... e dispensáveis também...

-letrinhas em itálico para inserir antes de publicar os comentarios. Não é só o SPAM, também impede que os míopes possam deixar comentários nos blogs. A porcaria das letrinhas parece que estão ganzadas e fazem pensar que o blog foi feito na sede da OpusGay com aquelas corzinhas todas e efeitos variados.

-blogs onde se pode comentar em vários sitios para um mesmo post. Mas para quê? Não faz sentido separar os comentadeiros em diferentes niveis sociais e escolares para ter que andar a saltitar/retroceder/refrescar só para ver o que um tipo respondeu ao outro. Mas muito melhor que isto, é ter vários pontos para comentar e não haver comentários.

-ligações do post do dia ao D.Economico/J.Negócios/Daily Mail para mostrar aos visitantes que nos informamos nas melhores fontes. Não faz sentido. Para quê ler o diário económico se temos o «Jornal o Crime» ali à mão de semear? 90% dos visitantes não lêem jornais económicos, para quê dar uma de Finantial Men?

-anúncios na barra lateral. Mas com que fim? Trabalham para algum jornal de anúncios? Corre-se o risco de carregar sem querer num desses anúncio e ir parar ao site da «Gina boca-funda» ou ao apartamento do «Carlão pénis de leão».

-blogs carregados de vídeos, PhotoShow´s e Slides.com´s na barra lateral. É impossivel abrir um blog destes. Será que esta gente não se lembra que para ver um trecho de qualquer coisa há o you tubio e outros? Não há necessidade de publicar os 100 golos mais bonitos da história do futebol na página do vosso blog porque toda a gente sabe que não foram vocês que os marcaram.

-contadores de visitas aos montes uns por cima dos outros. Um contador apenas não chega? Anda alguém a tentar entrar para o Guiness Book das visitas? E aqueles blogueiros que passam o dia a carregar no refresh do próprio blog para contarem 500 visitas no final do dia?´

-blogs com cerca de 456 outros blogs na sua coluna de blogs amigos. Mas alguém acredita que esses tipos visitem todos esses blogs e, pior ainda, sejam amigos dessa gente toda, incluíndo Bob Geldof, Miguel Veloso, David Fonseca, Zezé Camarinha, Sassá Mutema e Pacheco Pereira, o dinossauro mor de todos eles.

-blogs que parecem a discoteca KADOC quando está na sua potência máxima. Como é que alguém vai ler esses blogs se os mesmos provocam uma lesão na retina assim que o blog é aberto?

-comentários em lista de espera. Outra aberração que não faz sentido. É o mesmo que ir votar e o fiscal da urna analisar o meu voto para ver se vai ser aceite ou não pela Comissão Nacional de Eleições. O que sucede é que se o blogueiro estiver na retrete, só vai aceitar o meu comentário depois de ter limpo o rabo. E é com essa mão que vai mexer no rato, que nojo!

Enfim, a blogolândia é um mundo giro exactamente porque representa bem a parolice tuga e retrata fielmente os comportamentos genuínos deste incomparável povo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

José António Saraiva disse...




O PROCESSO chamado 'Face Oculta' tem as suas raízes longínquas num fenómeno que podemos designar por 'deslumbramento'.

Muitos dos envolvidos no caso, a começar por Armando Vara, são pessoas nascidas na Província que vieram para Lisboa, ascenderam a cargos políticos de relevo e se deslumbraram.

Deslumbraram-se, para começar, com o poder em si próprio. Com o facto de mandarem, com os cargos que podiam distribuir pelos amigos, com a subserviência de muitos subordinados, com as mordomias, com os carros pretos de luxo, com os chauffeurs, com os salões, com os novos conhecimentos.

Deslumbraram-se, depois, com a cidade. Com a dimensão da cidade, com o luxo da cidade, com as luzes da cidade, com os divertimentos da cidade, com as mulheres da cidade.

ORA, para homens que até aí tinham vivido sempre na Província, que até aí tinham uma existência obscura, limitada, ligados às estruturas partidárias locais, este salto simultâneo para o poder político e para a cidade representou um cocktail explosivo.

As suas vidas mudaram por completo.

Para eles, tudo era novo - tudo era deslumbrante.

Era verdadeiramente um conto de fadas - só que aqui o príncipe encantado não era um jovem vestido de cetim mas o poder e aquilo que ele proporcionava.

Não é difícil perceber que quem viveu esse sonho se tenha deixado perturbar.

CURIOSAMENTE, várias pessoas ligadas a este processo 'Face Oculta' (e também ao 'caso Freeport') entraram na política pela mão de António Guterres, integrando os seus Governos.

Armando Vara começou por ser secretário de Estado da Administração Interna, José Sócrates foi secretário de Estado do Ambiente, José Penedos foi secretário de Estado da Defesa e da Energia, Rui Gonçalves foi secretário de Estado do Ambiente.

Todos eles tiveram um percurso idêntico.

E alguns, como Vara e Sócrates, pareciam irmãos siameses: Naturais de Trás-os-Montes, vieram para o poder em Lisboa, inscreveram-se na universidade, licenciaram-se ?!!, frequentaram mestrados.

Sentindo-se talvez estranhos na capital, procuraram o reconhecimento da instituição universitária como uma forma de afirmação pessoal e de legitimação do estatuto.

A QUESTÃO que agora se põe é a seguinte: por que razão estas pessoas apareceram todas na política ao mais alto nível pela mão de António Guterres?

A explicação pode estar na mudança de agulha que Guterres levou a cabo no Partido Socialista.

Guterres queria um PS menos ideológico, um PS mais pragmático, mais terra-a-terra.

Ora estes homens tinham essas qualidades: eram despachados, pragmáticos, activos, desenrascados.

E isso proporcionou-lhes uma ascensão constante nos meandros do poder.

Só que, a par dessas inegáveis qualidades, tinham também defeitos.

Alguns eram atrevidos em excesso.

E esse atrevimento foi potenciado pelo tal deslumbramento da cidade e pela ascensão meteórica.

QUANDO o PS perdeu o poder, estes homens ficaram momentaneamente desocupados.

Mas, quando o recuperaram, quiseram ocupá-lo a sério.

Montaram uma rede para tomar o Estado.

José Sócrates ficou no topo, como primeiro-ministro, Armando Vara tornou-se o homem forte do banco do Estado - a CGD -, com ligação directa ao primeiro-ministro, José Penedos tornou-se presidente da Rede Eléctrica Nacional, etc.

Ou seja, alguns secretários de Estado do tempo de Guterres, aqueles homens vindos da Província e deslumbrados com Lisboa, eram agora senhores do país.

MAS, para isso ser efectivo, perceberam que havia uma questão decisiva: o controlo da comunicação social.

Obstinaram-se, assim, nessa cruzada.

A RTP não constituía preocupação, pois sendo dependente do Governo nunca se portaria muito mal.

Os privados acabaram por ser as primeiras vítimas.

O Diário Económico, que estava fora de controlo e era consumido pelas elites, mudou de mãos e foi domesticado.

O SOL foi objecto de chantagem e de uma tentativa de estrangulamento através do BCP (liderado em boa parte por Armando Vara).

A TVI, depois de uma tentativa falhada de compra por parte da PT, foi objecto de uma 'OPA', que determinou a saída de José Eduardo Moniz e o afastamento dos ecrãs de Manuela Moura Guedes.

O director do Público foi atacado em público por Sócrates - e, apesar da tão propalada independência do patrão Belmiro de Azevedo, acabou por ser substituído.

A Controlinvest, de Joaquim Oliveira (que detém o JN, o DN, o 24 Horas, a TSF) está financeiramente dependente do BCP, que por sua vez depende do Governo.

SUCEDE que, na sua ascensão política, social e económica, no seu deslumbramento, algumas destas pessoas de quem temos vindo a falar foram deixando rabos de palha.

É quase inevitável que assim aconteça.

O caso da Universidade Independente, o Freeport, agora o 'Face Oculta', são exemplos disso - e exemplos importantes da rede de interesses que foi sendo montada para preservar o poder, obter financiamentos partidários e promover a ascensão social e o enriquecimento de alguns dos seus membros.

É isso que agora a Justiça está a tentar desmontar: essa rede de interesses criada por esse grupo em que se incluem vários "boys" de Guterres.

Consegui-lo-á?


Não deixa de ser triste, entretanto, ver como está a acabar esta história para alguns senhores que um dia se deslumbraram com a grande cidade.

Esta é a forma mais eloquente de definir um parolo provinciano com tiques de malandro, mas sempre de mão estendida, pior que os arrumadores que uma vez na vida se revelam minimamente úteis independentemente do ar miserável como se apresentam e se comportam quando não se lhes dá a famigerada moedinha
.

PS . Neste perfil cabem tambem O Dias Loureiro , o Oliveira Costa (BPN) , O Rendeiro (BPP) e muitos gestores públicos e gabinetes de advogados que vendem o País por meia duzia de tostões e que são deputados da Assembleia da República , onde controlam o poder legislativo em benefício de interesses particulares . A dificuladade de aprovar legislação anticorrupção é um exemplo paradigmatico .