Na ocasião das directas do PSD foi notícia o empenho dos assessores do Presidente na escolha de Cavaco Silva, tal foi notícia do Expresso, prontamente desmentida pela Presidência da República mas reafirmada por aquele semanário. Ora, Cavaco Silva sabia muito bem que Manuela Ferreira Leite não teria quaisquer hipóteses de ganhar as eleições a não ser que ocorresse algum terramoto político. O caso Freeport poderia ser esse tal terramoto, mas estou em crer que Cavaco Silva nada que ver com o assunto apesar da frequência com que tem recebido Monteiro.
Se Cavaco Silva sabia que Manuela Ferreira Leite era uma má escolha porque apostou nela, envolvendo os seus assessores? Tal aposta implicaria um papel activo de Cavaco Silva para desestabilizar o ambiente político, criando condições para Sócrates perder a maioria absoluta, dando lugar a uma crise onde Manuela Ferreira Leite apareceria como a solução cavaquista, cumprindo um velho sonho do PSD e de Cavaco Silva, estar simultaneamente no Governo e na Presidência da República.
Só assim se entende a falsa cooperação estratégica tão defendida por Cavaco Silva, tal estratégia não passa de amabilidades com Sócrates em privado e apoio a Manuela Ferreira Leite em Público. Cavaco Silva não hesita em juntar à crise económica uma crise política para conseguir aquilo que não alcançou no passado, mesmo que isso ponha em causa o sistema político português que depende em grande medida da credibilidade e independência da Presidência da República, algo que já foi posto em causa por Cavaco Silva e pelos seus assessores intriguistas.
Cavaco Silva deixou de ter discurso político, na verdade o seu actual discurso não passa de publicidade subliminar a Manuela Ferreira Leite, um embuste que o PSD presidencial nos quer impingir.
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